sexta-feira, 28 de maio de 2010

Paróquia de Rio Maria PARÁ




PARÓQUIA DE RIO MARIA - PA.
CONTANDO HISTÓRIA (Irmã Angelita Fernandes)
Rio Maria é um Município com 4.132,3 Km2, com 19.775 habitantes, distante da capital 760 km, cortado pela PA 150, que liga Conceição do Araguaia a capital, Belém, passando por Marabá. O povoado existe desde 1973 às margens do “Ribeirão Maria” de onde se originou o nome: RIO MARIA. Até a emancipação política, 13 de maio de 1982, pertenceu a Conceição do Araguaia, sendo desmembrada aos 14 de maio de 1982 pelo então governador do Pará, Alacid Nunes. O primeiro administrador do crescente povoado foi o senhor Raimundo Carvalho. O povoado cresceu rapidamente. Centenas de pessoas vieram em busca de terra e a exploração da madeira (mogno, cedro, aroeira, ipê amarelo e roxo, cedrarana, Angelim...). A propaganda: “Amazônia, terra sem homens para homens sem terra” e “Integrar para não entregar” prometia terra vasta e lucro fácil. Rio Maria foi tomando forma de cidade.
PRIMEIRA VISITA DO PADRE. Em julho de 1973 o Padre Sebastião Brito da Cruz fez a primeira visita ao povoado de Rio Maria para conhecer a realidade do povo e ver a possibilidade de atender pastoralmente. Pouco tempo depois, o Padre Sebastião voltou e celebrou a primeira missa. O altar foi a mesa de sinuca, com a iluminação de uma lamparina a querosene. A sala lotou. Era novidade e o povo estava com fome e sede de Deus. O povo foi expressando a espiritualidade em reuniões nas casa para rezar o terço e celebrar a fé.

A PADROEIRA. Dona Tereza Maria de Paula trouxe de Rubiataba / GO, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, com 60 centímetros e a doou à comunidade nascente. O povo católico da época concordou que a sua Igreja tivesse como padroeira Nossa Senhora Aparecida.
Ao longo dos anos, o povo de Rio Maria manifesta o carinho, o apreço e o prestígio pela Mãe Aparecida. Faz sua oração, ajoelha-se junto à imagem, paga promessas por benefícios recebidos. O tempo passa, o povo aprofunda sempre mais a devoção à Mãe Aparecida, promove festejos com nove (9) noites, reza a novena com Missas bem dinamizadas pelas equipes de liturgia, participação dos cristãos e sacerdotes vizinhos.
O dia da padroeira (12 de outubro) vibra com a carreata pelos bairros da cidade em visita, preces e bênçãos aos moradores. Em frente da Matriz concluem-se abençoando pessoas, benfeitores, trabalhadores, carros, objetos e bezerros a serem leiloados. Serve-se almoço com churrasco, seguido de leilão dos bezerros doados.


A Emancipação oficial da paróquia deu-se no dia 13 de agosto de 1977. A Missa inaugural foi presidida por Dom Estevão Cardoso de Avelar OP e concelebrada por vários sacerdotes, entre eles, Frei Henrique Marques e Pe. Pedro Corrêa Brito. Este recebeu a nomeação de primeiro pároco e passou a residir na cidade. Estiveram presentes várias Irmãs da Congregação “Jesus Bom Pastor” (Pastorinhas), entre elas Irmã Adriana Fogaça, hoje residente em Redenção.
O inicio da construção da atual Igreja Matriz, foi no ano de 1984, os recursos provieram de festejos paroquiais e doações de várias pessoas generosas. Foi concluída? Periódicas melhorias aconteceram ao longo dos anos. Fez-se uma reforma no telhado e colocação de forro concluída aos 10 de maio de 1998. Neste ano de 2009, estão sendo concluídas as torres, capela do Santíssimo, melhorias da ventilação, eletricidade e segurança.

PADRES
Conforme pesquisa realizada, passou os seguintes párocos nesta paróquia de Rio Maria:
Padre Pedro Corrêa Brito = Nascido em São Pedro - TO e ordenado sacerdote aos 08 de dezembro de 1974 em Conceição do Araguaia. Trabalhou com dedicação em Rio Maria de agosto de 1977 a 30 de julho de 1981; e de Janeiro de 1998 a maio de 2005.


Padre François Jean Marie Gouriou, natural da França, chegou à diocese de Conceição do Araguaia em 1979. Atuou com afinco em Rio Maria de Setembro de 1979 a dezembro de 1980.


Padre Pedro das Neves Silva, natural de Conceição do Araguaia. Trabalhou de janeiro de 1981 a novembro de 1988. Foi para Xinguara. Lá deixou o ministério sacerdotal.


Padre Ricardo Rezende Figueira, natural de Juiz de Fora MG. Veio para a Diocese de Conceição do Araguaia no ano de 1977. Trabalhou em Rio Maria de novembro de 1988 a janeiro de 1997. Cansado de ameaças que exigiam ser protegido por Seguranças, decidiu afastar-se e estudar no Rio de Janeiro. A Paróquia ficou sem padre.


Irmã Zoeli Maria Pletsch, foi nomeada Pró Vigária pelo bispo diocesano Dom Pedro José Conti. Desenvolveu intenso trabalho de janeiro de 1997 a janeiro de 1998, incluindo a implantação de várias pastorais, a formação qualificada para animadores, captação de recursos através de projetos para equipamentos, reformas das igrejas e novas construções.


Pe. Pedro Corrêa Brito, voltou a trabalhar em Rio Maria, do final de janeiro de 1998 a abril de 2005.


Pe. Joaquim Carlos Costa dos Reis chegou a Xinguara dia 22 de Janeiro de 1998, como diácono vindo da Diocese de Bragança-PA, para uma experiência pastoral. Após a experiência, decidiu por esta Diocese, ordenando-se sacerdote aos 20 de dezembro de 1998. Atuou em Xinguara de 1998 a 2000, em São Geraldo de 2000 a 2003; voltando a Xinguara de 2003 a maio de 2005. Chegou a Rio Maria dia 08 de maio de 2005 e permanece pároco empolgado até hoje... (2009).


AS RELIGIOSAS:
A missão das Religiosas, nesta região do Sul do Pará, é muito valorizada. Nesta Paróquia as religiosas se dedicam especialmente na organização das comunidades e formação das lideranças e do povo em geral, na celebração da Palavra e como Testemunhas qualificadas dos Sacramentos do Batismo, do Matrimônio, da Unção e das Exéquias. Exercem o ministério da escuta, segundo a procura das pessoas.
Irmãs de Jesus Bom Pastor chegaram em Rio Maria em 1980. Doze Irmãs atuaram aqui conforme consta nos arquivos: Célia da Silva, Aurora Mondini, Maria Garcia Leão, Judite Tessaro, Lazara Maria Vieira Camargo, Rita dos Santos, Adriana Fogaça, Conceição Gerolomo, Rosa de Paula, Maria Helena Faria e Ana Maria Lopes. Trabalharam na Organização das Ceb´s, formação de lideranças, catequese em geral, pastoral da juventude, visita a famílias, horta comunitária. Deixaram Rio Maria, em 1987 para atender outras solicitações.


Irmãs Filhas do Amor Divino aos 18 de abril de 1988 estabeleceram comunidade religiosa em Rio Maria à rua Onze, n° 84, em casa cedida pela Diocese, já antes habitada pelas Pastorinhas.
O bispo Dom José Patrick Hanranham convidou a Congregação para o trabalho Pastoral de motivar e ajudar na formação cristã do povo e das comunidades da cidade e do interior da paróquia e da Diocese. Por longo tempo uma Irmã assumia a administração da Paróquia. Em seqüência o compromisso foi de Irmã Lourdes Follmann (1989 a 1993), Irmã Joselina Gomes da Silva Amaral (1994 a 1998), Irmã Zoeli Maria Pletsch (1999 a 24 /01 de 2003), e Irmã Teonila Maria Casarin (2003 a 2008). Filhas do Amor Divino nomeadas pelo bispo Diocesano como Testemunhas Qualificadas do Matrimônio e do Batismo: Lourdes Follmann, Águeda Guibert, Terezinha Norma Kliemann, Nehida Inês Sturmer, Margarete Teresinha Minuzzi, Edna Maria Guimarães (noviça), Ana Regina Szadura, Angelita Fernandes, Joselina Gomes da Silva Amaral, Ilca Welter, Anita Puhl, Teonila Maria Casarin, Lúcia Kreutz, Angélica Hendges e Helga Maria Hendges. Trabalhos: Formação, atendimento as Comunidades, visitas a famílias, Pastoral da Criança, administração paroquial, Catequese, Jovens, Crisma, Celebração da Palavra, Sacramentos, coordenações diocesanas, na Educação e atendimento de psicanálise. Em 1991 uma das Irmãs passou também a lecionar na Escola Estadual Senador Catette Pinheiro honrando o carisma fundacional e realizando ações pastorais no campo da educação de crianças e jovens.

DESENVOLVIMENTO DOS TRABALHOS PASTORAIS e EVANGELIZAÇÃO:
1- CATEQUESE: A organização da Catequese infantil teve seu inicio em agosto de 1977, quando foi emancipada a Paróquia, sendo Irmã Aurora Mondini (pastorinha) a primeira coordenadora. Desde então há religiosas colaborando e/ou coordenando a catequese.

2- MINISTÉRIO EXTRAORDINÁRIO DA SAGRADA COMUNHÃO
A Paróquia vinha sentindo a necessidade do Serviço próprio do Ministério Extraordinário da Sagrada Comunhão. Então a Irmã Zoeli Maria Pletsch lançou o convite e assumiu a preparação dos mesmos. Aos 11 de junho de 1998, na festa de “Corpus Christi”, houve o envio dos primeiros 15 Ministros/Ministras da Sagrada Comunhão, com a duração de um ano, pelo Pe. Pedro Corrêa Brito.
Hoje são 26 que exercem o ministério, na Matriz e nos Setores, fazem visitas aos doentes, adoração ao Santíssimo Sacramento, reflexões e servem no altar.

3- PASTORAL DA CRIANÇA
Um sonho que virou realidade, a organização da Pastoral da criança em Rio Maria para oportunizar um atendimento mais qualificado às mães gestantes e às crianças de zero a seis anos de idade. Há líderes perseverantes no trabalho, mesmo com dificuldades, por ser exigente, regular e voluntário.
A ação já se estendeu às comunidades do interior: Rainha da Paz, São José e Santa Catarina de Sena.


4 - PASTORAL DO DÍZIMO
Desde o ano de 1985 existem dizimistas, na Paróquia. Mas no ano de 1997, a Diocese deu especial atenção à implantação do dízimo nas paróquias. Em Rio Maria, o Pe. Ricardo Rezende confiou à Irmã Zoeli a missão de assessorar a implantação do dízimo, nas comunidades. E assim foi feito. Para tornar possível esta iniciativa, foi ampliada e fortalecida a equipe. E esta, por sua vez, atua até os dias de hoje. Para o bom andamento do trabalho, há reunião semanal para estudo e tomadas de decisões. Foi organizado para a Secretaria um fichário com o nome, endereço, data de nascimento e contribuição de cada dizimista e é dado ao dizimista um carnê para seu controle. Uma prática muito elogiada é a equipe visitar cada dizimista e levar-lhe agradecimentos e um cartão de mensagem por ocasião do aniversário.
A partir da implantação do Dízimo, a Paróquia conseguiu a auto-sustentação. Até o momento o perseverante casal José Gonçalves da Silva e esposa Maria Aparecida coordenam, e o casal Joselino José dos Santos e esposa Nadir são vice-coordenadores.


5 - PASTORAL DO BATISMO:
Com a emancipação da Paróquia, em agosto de 1977, também foi organizada a Pastoral do Batismo. Os enfrentantes: Luiz Pires de Sousa, Expedito Ribeiro da Silva, Nédio Martins, Rosimar Oliveira de Souza, Iraildes Rodrigues Alves, Socorro Ferreira da Silva (atual coordenadora), mais: Irmã Angelita Fernandes, Ivani Teixeira Castilho e Juvelina Ferreira de Sousa Barbosa, continuam fazendo parte deste valioso serviço comunitário de orientação e preparação de pais e padrinhos. OBS: de setembro de 1977, a julho de 2009, foram celebrados em nossa Paróquia 8.413 batizados.

6 - PASTORAL FAMILIAR:
Na história da Paróquia, consta uma pequena experiência. Em 1997, em torno de 30 casais, assessorados por Imã Zoeli Maria Pletsch, se reuniam uma vez no mês para tratar de assuntos relacionados à família. Juscelino e Célia Ferreira de Sousa coordenaram.
Ficou firme e atuante a “Equipe de Noivos”, ocupada em preparar pessoas para o sacramento do Matrimônio: tanto jovens solteiros quanto pessoas “amigadas” que desejam a legitimação do casamento. A preparação consta de palestras, como: O amor de Deus; Diferenças físicas e Psicológicas da pessoa humana; Aspectos fisiológicos da pessoa humana; Sacramento do Matrimônio, Planejamento Familiar, Orçamento familiar; Doenças sexualmente transmissíveis e Educação dos filhos e filhas.
Aos 18 de Outubro de 2004, foi implantada em Nossa Paróquia, a Pastoral Familiar, sendo o casal coordenador: Isaias Manoel de Oliveira e Maria das Graças Gomes de Oliveira. Dedicam muita alegria e interesse pelas famílias. A partir de 2005 a Pastoral familiar assumiu a Preparação das pessoas para o Sacramento do Matrimônio; cestas básicas para famílias realmente necessitadas, o Natal dos Sonhos, visita às famílias com dificuldades, com o objetivo de ajudar no relacionamento, na sobrevivência e na espiritualidade. De 1979 a maio de 2009, uniram-se em matrimônio.... casais no Religioso e ... com efeito civil em nossa Paróquia.

7 - RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA
Na década de 1980, o Município de Rio Maria vivia um período de graves conflitos e assistiu bárbaros assassinatos de Sindicalistas. O padre foi acusado injustamente de incentivar os pobres a invadirem latifúndios. Com isto, católicos intimidados afastavam-se da Igreja, com dúvidas. Foi então que a senhora Wânia Fraga, católica que morava em frente à Matriz, ficava com pena de ver a Igreja com pouca gente. Ela viajou para Anápolis, viu como funcionava, preparou-se, adquiriu material e voltou a Rio Maria. Wânia convidou um grupo de mulheres para a oração e estudo. Ei-las: Doracy de Paula, Irene de Paula, Maria Pereira, Joana Evangelista e Maria José. Assim iniciou aqui em Rio Maria a perseverante, forte e animada RCC.
Com o passar dos anos, foram organizados os ministérios: da música, da Intercessão, das visitas e da oração aos doentes. Hoje, as principais atividades são: a oração de louvor nas quartas feiras, seminários, Cenáculo com Maria, compromisso litúrgico e várias outras atividades cristãs.

8 – CATEQUESE COM JOVENS

9 - TERÇO DOS HOMENS E DAS MULHERES
Aos 07 de março de 2006, foi introduzido, em nossa paróquia, o terço dos homens e das mulheres pelo senhor Ilmário de Paula e o pároco Pe. Joaquim Carlos C. Reis com a ajuda da equipe da Matriz de Xinguara. Está muito bem. É uma forma eficaz e espiritual de atrair os homens com suas famílias para a devoção mariana e para a Igreja.

10 - A PASTORAL DA ACOLHIDA
Aos 28 de fevereiro de 2006, foi constituída a mais recente pastoral: da Acolhida com a presença de 24 membros. Depois de uma breve preparação de estudos para entender o que exige este ministério, organizaram-se em equipes. Cada domingo estão em frente à Igreja Matriz a fim de acolher todos os que vêm à missa, orientar as crianças, conduzir as pessoas para a Igreja e mostrar-lhes lugar para sentar.

11 - RÁDIO COMUNITÁRIA
Algo muito bom para Rio Maria foi e é a Rádio Comunitária Berokan, FM Ltda. Iniciou em 30 de abril de 1999. Após muitos anos de lutas, fecha, abre, fecha hoje com a graça de Deus ela está legalizada. Nossa Paróquia tem este meio de comunicação para Evangelizar. Também faz o programa diário: “Palavra Viva”.

12 – VOCAÇÕES
Nossa paróquia suscitou duas vocações: Pe Geraldo Rezende que trabalha na Diocese de Óbidos. Irmã Edilamar de Lima Pimenta, filha desta paróquia e que no momento atua em Belém, PA num projeto com mulheres e mães, no programa de economia solidária.


13 - ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA PARÓQUIA
Assim, como em todos os setores ou camadas da sociedade, existe e se faz necessária a organização administrativa, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, também.
Para melhor funcionamento e andamento administrativo do todo da Paróquia, aos 28 de junho de 2006, criou-se o Conselho Administrativo Paroquial, que tem a função de fiscalizar, orientar, encaminhar e ajudar na administração: Peres Henrique Clemente, Isaias Manoel de Oliveira, José Salvador Costa, Luiz Pires de Souza, Messias Moreira da Silva com Pe. Joaquim Carlos C. dos Reis, Irmã Teonila Casarin e Claudene Avelino.

Entre muitas e tantas coisas boas que acontecem em nossa Paróquia, este é o rosto verdadeiro e atual. Realiza-se um “Encontrão das Comunidades Eclesiais de Base” (dia da Santíssima Trindade). Todos os Bairros fazem Novenas e festejam seus padroeiros com participação das outras comunidades e pastorais para animar, celebrar e cultivar a fé.


QUASE NADA DO QUE SE FAZ FOI ESCRITO.

DEUS SEJA BENDITO EM TUDO E POR TUDO.

Adelaide Molinari

IRMÃ ADELAIDE MOLINARI


O casal Salvador e Cecília Letícia Molinari tiveram 11 filhos. Era uma família de agricultores, pobre e muito religiosa, descendente de imigrantes italianos. Morava no interior do Município de Garibaldi, RS, numa comunidade chamada Linha Azevedo Castro. Tiveram 11 filhos. No dia 02 de fevereiro de 1938 nasceu sua 3ª filha a quem no Batismo, no dia 17 de fevereiro, deram o nome de Lourdes. Quando esta era ainda criança a família mudou-se para o interior do município de Palmeira das Missões, RS, localidade denominada São Pedro, em busca de melhores condições de vida.
Em 1946, no dia 16 de outubro Lourdes fez a sua Primeira Eucaristia, na Igreja de Sarandi, RS. Era uma menina tímida, mas estudiosa e alegre.
Foi pelos 14 anos, quando Lourdes participava de Santas Missões e o Padre falou à juventude sobre Vocação que ela manifestou o desejo de ser Irmã. Mais tarde, aos 16 anos, manifestou em família o desejo de Consagrar-se a Deus na Vida Religiosa. Foi, também, por esta época que Lourdes viu duas Filhas do Amor Divino na Igreja em Palmeira das Missões, arrumando o altar. Logo disse: “É dessas que eu quero ser”.
Quando as Irmãs acompanharam o Padre na visita as Comunidades do interior, Lourdes teve oportunidade de conversar com uma delas. Depois de tudo acertado, Lourdes foi morar no Hospital de Caridade de Palmeira das Missões, onde moraram e trabalhavam as Filhas do Amor Divino, aguardando aí uma oportunidade para ir até o Convento em Cerro Largo, RS, onde chegou no dia 20 de janeiro de 1956, saindo de Palmeira das Missões as 8 horas da manhã e chegando em Cerro Largo,RS às 20 horas.
Nestes primeiros meses Lourdes escreveu muitas cartas à sua família, contando notícias suas e dando detalhes da nova vida que estava vivendo, dizendo-se sempre muito feliz.
Apenas no ano de 1962 teve a primeira oportunidade de passar 08 dias de férias em casa de seus familiares e até esta data escrevia à família com muita freqüência longas cartas.
Em 1956 Lourdes iniciou o Postulantado etapa preparatória ao Noviciado na Congregação. Iniciou o Noviciado no dia 02 de fevereiro de 1957 com 19 companheiras. Sua avó mandou o primeiro hábito religioso, mas sua família não pode comparecer à solenidade. Foi então que recebeu o nome de Irmã Adelaide. Fez sua Primeira Profissão Religiosa em 1959 e, em seguida, foi trabalhar na cozinha do Hospital em Rosário do Sul, RS, onde havia uma comunidade das Filhas do Amor Divino.
Em 1962 foi transferida para Uruguaiana, RS, onde, durante muitos anos realizou uma missão importante na Creche Nossa Senhora de Lourdes. Ali Irmã Adelaide se destacou no acolhimento carinhoso das crianças, de suas mães e dos benfeitores desta Entidade. Ela buscava recursos junto às famílias com melhores condições financeiras e junto ao poder público para a manutenção desta casa. Todas as crianças provinham de famílias pobres e suas mães precisavam trabalhar para sustentá-las. No ano de 1976 a Câmara Municipal de Vereadores desta cidade condecorou Irmã Adelaide com uma Medalha de Bronze, pelo mérito de serviços prestados à comunidade de Uruguaiana.
De 1972 a 1973 atuou num pequeno Hospital na cidade de Roque Gonzáles, RS e depois voltou a Uruguaiana. No ano de 1982 esteve em missão no Hospital da cidade de Rodeio Bonito, RS.

No dia 08 de setembro de 1963 Irmã Adelaide fez cirurgia do bócio. Nesta época ela também freqüentou um curso especial para a conclusão do Ginásio.
Em 1983 quando a presença das Filhas do Amor Divino foi solicitada na Diocese de Marabá, PA. Irmã Adelaide se prontificou para assumir esta missão como coordenadora de um pequeno grupo de Irmãs e com elas foi morar na Vila chamada Km 02, mais tarde cidade de Eldorado do Carajás, PA. Ali acolheu com o seu coração generoso as pessoas que a buscavam, especialmente mãe e crianças. Iniciou sua missão visitando as famílias, organizando com a comunidade os encontros de oração, as reuniões de mães, e realizou muitas outras atividades junto com o povo e as Irmãs.

No domingo, dia 14 de abril de 1985, pelas 15 horas Irmã Adelaide se encontrava na Rodoviária de Eldorado do Carajás, e enquanto aguardava o ônibus para retornar à Casa das Irmãs em Curionópolis, PA, conversava com o Delegado Sindical Arnaldo Delcídio Ferreira do STR (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá).

O sindicalista Arnaldo já havia recebido várias ameaças de morte e nesta hora sofreu um atentado à bala que perfurou o seu tórax e atingiu a Irmã Adelaide perfurando uma artéria do pescoço por onde jorrou todo o seu sangue o que à levou à morte instantânea. Arnaldo sobreviveu a este atentado, mas foi assassinado 07 anos mais tarde também em Eldorado do Carajás.

O sangue desta mártir, derramado em terras paraenses, veio unir-se ao sangue de tantos outros, que, a partir de Jesus Cristo já tombaram na luta pelo bem, para que o direito do pobre seja respeitado.

O corpo de Irmã Adelaide foi velado na Igreja Nossa Senhora das Graças, em Curionópolis, PA para onde o povo acorreu durante toda a noite do dia 14 e durante o dia 15 de abril de 1985. O povo expressava seus sentimentos com muita oração e mensagens, como as que seguem:
“Calaram a voz da Irmã Adelaide, mas não calarão a voz de Deus”.
“O assassinato de Irmã Adelaide torna visível a morte que o povo padece”.
“Sempre fiel ao Amor de Jesus, ela deu a vida pelos irmãos”.
“Não pensem que calarão a voz de Deus matando seus profetas”.
“Nunca morre que vive no coração dos vivos. Irmã Adelaide está viva em nossos corações”.

O sepultamento de Irmã Adelaide foi realizado na noite do dia 15 de abril de 1985, numa sepultura ao lado da Igreja Nossa Senhora das Graças, em Curionópolis, Pa e a partir do ano seguinte, sempre é realizada uma Celebração Especial chamada de Caminhada Irmã Adelaide, que iniciou com 300 pessoas e já atingiu 3.000 pessoas. Esta Caminhada é realizada sempre no sábado após a Páscoa iniciando na Igreja de Eldorado do Carajás, passando pelo local do martírio e indo até a sepultura, em Curionópolis, uma trajeto de cerca de 30 quilômetros. “O caminho transforma os caminhantes. Eldorado do Carajás a Curionópolis se tornou espaço de regeneração em que a cura interior dos que percorrem na fé o caminho é o modo de erguer a cabeça de um povo que não se cansa de procurar a paz”, diz Irmã Angelita Fernandes uma das Filhas do Amor Divino que esteve presente em todas as Caminhadas.

Ainda em 1985 Dom Alano Maria Pena, então Bispo de Marabá, em visita ao Papa João Paulo II, ouviu de SS. a seguinte frase: “Irmã Adelaide é mártir da justiça”.

Várias das Filhas do Amor Divino do norte encontraram sua referência Vocacional a partir do testemunho de Irmã Adelaide Molinari. Irmã Joselina Gomes da Silva Amaral diz: “A morte da Irmã Adelaide despertou em mim uma profunda experiência do Deus que quer vida plena para todas as pessoas... Decidi responder ao chamado de Deus me comprometendo no seguimento de Jesus Cristo como Filha do Amor Divino”. Irmã Joseana Pereira Carvalho, afirma: “ Iniciei minha CAMINHADA DE Formação na Congregação das Filhas do Amor Divino em 1990. Nos primeiros dois anos de formação morei em Curionópolis, Pa, local onde Irmã Adelaide está sepultada sob a tutela do povo. Para mim sempre foi significativa a presença das crianças bricando e rezando em torno do túmulo e muitas vezes desfolhando as plantas para colherem flores para enfeitá-lo, sem se importar com as repreensões das Irmãs. Sempre havia uma flor ou vela acesa no túmulo. Isto me marcou... Outra experiência relevante para a minha caminhada vocacional eram as orações que a Comunidade Religiosa fazia no túmulo uma vez por semana refletindo, rezando e bebendo na fonte martirial tendo presente o testemunho da Irmã Adelaide e de tantos outros mártires da América Latina. Estes momentos de contato com testemunhos radicais de tantos homens e mulheres inquietavam-me a responder SIM ao Deus da Vida...”

O autor do disparo da bala assassina foi preso alguns anos mais tarde, depois de um inquérito policial conturbado. Mais tarde foi considerado foragido da justiça durante alguns anos e foi finalmente julgado 20 anos após o acontecimento e absolvido por um júri popular marcado por várias irregularidades.

Mas o povo honra a sua memória. Locais públicos, como Escolas, Ruas e organizações populares receberam o seu nome. Monografias foram escritas. Hinos, poemas, acrósticos, paródias e outros textos foram elaborados. Enfim, ela fez e faz História. Merece menção e Avenida em que as Irmãs moraram em Eldorado do Carajás e que era denominada “Av. Major Curió” trocou de nome em 2009, para “Avenida Adelaide Molinari”. Em 2010, na Caminhada Jubilar houve outro fato inédito: Na Câmara de Vereadores de Eldorado do Carajás realizou-se uma Sessão Solene em homenagem da Irmã Adelaide e a Província, representada pela Irmã M. Rogéria Cadó, recebeu uma placa de Homenagem Póstuma.

No dia em que Irmã Adelaide foi vitimada ela rezou com o povo da Comunidade de Eldorado do Carajás a seguinte oração:

Escuta ó Pai, a nossa prece.
Teu Filho Jesus venceu a morte e continua vivo no meio das comunidades cristãs.
Que também nós possamos ser forte como Ele.
Que ninguém fuja da luta nem mesmo com ameaça de morte.
Que saibamos ficar atentos às necessidades da comunidade, e que, de hoje em diante, ninguém mais fique sofrendo desamparado.
Alimenta ó Pai, a nossa fé, para que não te neguemos em nossa ação.
Amém.

Irmã Lourdes Follmann